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Horizonte Cinza: Papo reto com o vocalista Bruno Jim, sobre a banda e o cenário musical no Brasil

  • Foto do escritor: Victor Lima
    Victor Lima
  • 4 de fev. de 2020
  • 4 min de leitura

Atualizado: 12 de fev. de 2020

Iniciada no ano de 2015, a banda Horizonte Cinza é formada por Bruno Jim (voz/percussão), Eric Windson (guitarra), Leonardo Silva (guitarra), Ramon Acourt (baixo), Lucas Henrique (bateria) e Yvan DX (DJ/samples). O grupo tem como principais características o metal alternativo de bandas como Deftones, Sevendust, P.O.D. e Machine Head, a influência nacional de bandas como Nação Zumbi e Planet Hemp, aliado ao rap de artistas como Racionais MC's, Black Alien e Sabotage. Suas letras tratam de forma geral sobre o nosso cotidiano, desde as percepções dos desdobramentos da sociedade, até sensações intrínsecas de cada um de nós, como sentir a chuva cair ou aproveitar o silêncio.



A banda conta com dois trabalhos lançados, o EP "O caos, o som e a brisa" de 2016, que conta com 7 faixas, e o mais recente EP "Quando a metáfora se torna epifania", lançado em 2019 contendo 3 faixas.


Entrevistei o vocalista e percussionista da banda Bruno Jim, que falou francamente sobre diversos temas relacionados a luta das bandas independentes da cena underground para continuarem sua jornada.


Primeiramente, quem é Bruno?

"Bruno é um cara persistente nas suas convicções. Assim como falo no refrão de um dos sons do QAMSTE, 'o fracasso só existe se você desistir'".


"O fracasso só existe se você desistir".

De onde surgiu o nome Horizonte Cinza?

"Eu virei vocalista do Horizonte Cinza enquanto ainda estava morando em Juiz de Fora, MG. Mas já estava com data certa para voltar, e como já estava morando lá fazia 1 ano, estava com uma saudade inacreditável de SP. Então como eu estava no interior, passava dia após dia dizendo que sentia falta até da poluição e do cinza de SP. Até que chegou um dia, eu no ônibus voltando do trampo, pensei então que nada representaria melhor a ideia do som que a gente tava planejando do que o horizonte cinza da nossa cidade, da nossa quebrada. Cheguei em casa e a primeira coisa que fiz foi pesquisar se já tinha alguma banda com esse nome, e por incrível que pareça, não tinha (risos). Já logo mandei pro Ramon, que aprovou a ideia."


Na HCZ, como funciona o processo criativo das músicas?

"As letras eu tenho minha brisa própria. Normalmente pego um dia para ficar isolado e colocar uma anotações que vou fazendo no decorrer da vida (risos). O instrumental normalmente cada um chega com um pedaço, e então a gente se reúne e organiza como vai fazer a divisão do som."


Hoje, qual a maior dificuldade em se ter ou manter uma banda no Brasil?

"Acho que são múltiplos fatores, na real. Falta de público presente em shows, por exemplo. Mas isso muito também por falta de estrutura das casas para receber os rolês. Não é toda casa de show que você consegue fazer seu som chegar na qualidade devida para a galera, acho que isso acaba afastando um pouco também. O fato de que outros estilos, vamos usar o exemplo do sertanejo e do funk que são os maiores hoje em dia no país, os artistas conseguem normalmente nem que seja uma ajuda de custo para se apresentar, enquanto na cena do rock, infelizmente a gente ainda vê lugares colocando cota de ingresso para a banda vender. Então acho que no fim das contas o mais complicado acaba sendo isso, pagar para tocar."


Não entrando em questão política, mas acredita que também falta apoio cultural por parte do governo em geral?

"O apoio até que existe. O problema é que não chega na gente, que está no Underground. Para você conseguir acesso a qualquer lei de incentivo, normalmente tem que conhecer alguém para fazer esse intermédio. E geralmente, esse alguém vai te cobrar para fazer essa ponte, e isso acaba dificultando. Então no fim das contas, o incentivo chega normalmente para uma galera que já tem grana pra investir, ou seja, não precisaria tanto disso quanto a gente que vive o Underground."


"O apoio até que existe. O problema é que não chega na gente, que está no Underground."

E além disso, acredita que alguns gêneros musicais recebem alguns "privilégios", em detrimento a outros?

"Existe (privilégios), claro. E é exatamente isso, chega lei de incentivo para a filha de famoso fazer projeto, mas não chega esse mesmo incentivo para a gente fazer um evento na quebrada. Pelo contrário, você tem que correr atrás de conseguir permissão para conseguir montar um palco em uma praça, mesmo sendo custeado por você mesmo."



E o que mais te motiva a seguir na caminhada, mesmo tendo conhecimento de todas as dificuldades e obstáculos?

"Pela arte e pelo sonho de seguir fazendo o que a gente gosta, que é música. Acredito na arte como a maior forma de resistência que a gente tem. Tanto como escapismo das dificuldades que a gente tem no dia-a-dia, como para passar uma mensagem de motivação, de não se deixar calar. Além disso, eu tenho a esperança de dias melhores, acho que a gente está passando por um momento bem legal de união entre as bandas. Acho importante que existam rolês com a junção de subgêneros, por exemplo, para nos erguermos juntos. Como diz o Black Alien: 'unido a gente fica em pé, dividido a gente cai'."


Sobre a HCZ, vocês recém lançaram um EP, quais são os planos a curto, médio e longo prazo?

"A gente lançou em outubro de 2019 um EP com 3 faixas chamado 'Quando a metáfora se torna epifania'. A curto prazo, a gente pretende fazer a divulgação desse trabalho, lançamos recentemente o clipe da faixa de abertura 'Deus Ex Machina" pelo Puro Sangue Filmes, que é uma produtora que também está nesse mesmo corre que a gente, de fazer acontecer a arte periférica e com que ela chegue ao máximo de pessoas possíveis, para passar a nossa mensagem. A médio prazo, estamos com planos de lançar duas live sessions, uma delas pelo Estúdio Vertigo, que foi onde gravamos nossos dois EPs, e uma live semi-acústica, pela produtora Raio no Gato, que também faz esse corre pelo Underground. A longo prazo, a gente pretende começar a gravar nosso novo trampo ainda nesse ano de 2020, trazendo ainda mais influências do que já fizemos nos dois primeiros EPs, misturando para tentar trazer coisas novas. Isso tudo intercalando com os shows, é claro. Porque o som não pode parar! (risos)"


Que mensagem você deixaria pra quem tem banda?

"Fazer o som que você acredita, e não o som que falam pra você fazer. Persistir naquilo que acredita e nunca abaixar a cabeça."


"Fazer o som que você acredita, e não o som que falam pra você fazer."

Bate-Random

Anime: Claymore

Série: Game Of Thrones

Filme: Pulp Fiction

Futebol: São Paulo FC

Game: Final Fantasy 6

Lugar: Trolltunga, Noruega

NBA: Charlotte Hornets

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